O Carlos Castro nunca foi uma pessoa que eu admirasse. Nunca me cruzei com ele em trabalho, nem sequer lia qualquer crónica que ele escrevesse nas revistas cor-de-rosa. Sei que tinha por hábito falar mal das pessoas, mas quem nunca pecou que atire a primeira pedra, certo? Pelo menos fazia-o publicamente. Nesta história macabra e hollywoodesca que tem marcado os últimos dias, acho que pouco importa se ele era boa ou má pessoa, se era homo ou heterossexual... Ninguém merece ser assassinado desta forma tão brutal (ok, há quem mereça, mas são pessoas que fazem coisas mil vezes mais horripilantes), por muito que a morte dele, de facto, me passe ao lado.
O Carlos Castro dormia com um miúdo de 21 anos? Dormia sim senhor. E como ele devem ter existido outros. Mas o menino era ingénuo? Aparentemente não. Aparentemente procurou o jornalista através das redes sociais, após ter sido um dos finalistas do concurso de modelos "À Procura de Um Sonho", porque queria conhecê-lo e queria uma oportunidade para subir na vida. Pelo que dizem os amigos de Carlos Castro, este apaixonou-se pelo rapaz quase que à primeira vista. É possível? Apesar de ele ter 65 anos, até poderia ser. Caramba, eu apaixonar-me-ia pelo Renato Seabra! Que corpaço, valha-me nossa. Adiante. Pelos vistos o rapaz mandava mensagens a Carlos Castro, dizendo que o amava e que nunca o deixaria. Nos últimos 6 meses, além de receber caros presentes, já teria viajado com ele para Madrid e Londres, logo Nova Iorque não terá sido a primeira vez que dormiram no mesmo quarto, certo? Por muito ingénuo que fosse, depois de conviver um dia com CC e seus amigos, dava para perceber onde se estava a meter, não? Aos pais nunca falou da suposta relação, disse simplesmente que ia para um desfile de moda. Ter-se-á arrependido, visto que afinal de contas era heterossexual? Ou estaria com pressa para que o cronista cor-de-rosa lhe arranjasse um trabalho na televisão? Foi um crime passional? Ou estaria só com uma bad trip de uma droga qualquer? Alguma coisa terá despoletado o conflito entre os dois.
Agora, o que me tem irritado são os comentários absurdos que se vê por esses jornais online e redes sociais. Como é que as pessoas se conseguem congratular por um ser humano ter sido brutalmente assassinado e mutilado? Como é que conseguem acreditar que ser homossexual é justificativo para merecer um fim destes? Era, no fundo, um ser humano, bolas. Tudo bem que são 45 anos de diferença e que ele provavelmente percebia que era a sua fama e contactos no mundo do espectáculo que lhe valiam a atenção do miúdo e aproveitou-se disso (ou forçou-se a acreditar que o miúdo poderia gostar mesmo dele). Mas caramba, será que o Renato Seabra também era assim tão ingénuo que só ao fim de 6 meses resolveu sentir-se abusado? Não acredito que um velho de 65 anos tivesse força para obrigar um homem de 21, jogador de basquetebol, a fazer o que quer que fosse. Mas claro que deve ter acontecido algo de muito desesperante para que o modelo decidisse assassinar um homem, arriscando-se a ser preso e, sabe-se agora, a ser condenado a prisão perpétua nos EUA, sem hipótese de extradição (basicamente, a arruinar a vida toda). A castração pode ser indicadora de que o crime teve a ver com algo do foro sexual, portanto eu aponto para o arrependimento de se ter que fazer passar por gay sem ver grandes frutos desse sacrifício. A meu ver, nenhum deles está isento de culpa. O Renato aproximou-se e vendeu-se a troco da fama, o Carlos Castro não disse que não a um miúdo com idade para ser seu neto e, mesmo conhecendo-o há pouco tempo, cego de paixão/desejo, carregava-o para todo o lado. De qualquer das formas, não fico contente pelo destino que calhou aos dois. Este não é um mundo melhor por um homossexual ter morrido. Este é um mundo cada vez pior, por tanta gente ainda achar que o homicídio é a solução de todos os males.
3 comentários:
Confesso que esta história já me anda a causar alguma dor de cabeça, porque gostava de perceber o que se passou realmente e não consigo.
Por muito acéfala que possa vir a soar a frase que vou escrever de seguida, a verdade é que o Renato Seabra parece-me demasiado lindo para ser assassino de alguém. O problema é que a beleza nunca foi sinal de bondade. É coisa do ser humano, isto de associar o bonito ao bom e o feio ao mau. É verdade ou não é que as princesas Disney são todas lindas e angelicais, enquanto as bruxas são sempre cavernosas?
Bom, mas adiante. Voltando ao caso e ao teu excelente texto sobre o mesmo...
A minha adoração pelo Carlos Castro também era inexistente. Confesso que a homossexualidade dele não me incomodava absolutamente nada, mas a "bichice" sim, isso sempre me fez confusão. E quem diz nele, diz em qualquer outro do mesmo género. No entanto, acho abominável que alguém diga que mereceu a morte e a castração porque era homossexual. Faz-me alguma confusão.
Se bem que também me faz confusão imaginar um Adónis como o Renato Seabra a dormir com o Carlos Castro...aliás, com um homem qualquer. Porque, convenhamos, eu enquanto pessoa do sexo feminino (embora tenha tido bastante sorte com o namorado que me calhou na rifa, que também tem 21 anos, curiosamente) acho sinceramente que nunca na vida conseguiria a atenção do Seabra, portanto revolta-me que o Carlos Castro tenha conseguido!
Mas, fora de brincadeira, o assassinato foi algo de brutal. Faz-me mesmo muita confusão.
A meu ver, tratou-se daquilo que disseste: o Renato aproveitou a paixão assolapada do Carlos para conseguir fama e o Carlos, por sua vez, já devia estar com teias de aranha nalgum lado e aproveitou-se também da situação...Portanto sim, a culpa foi dos dois...mas parte-se do princípio que a culpa acrescida está no assassino (que tudo indica que é o Renato).
A questão é: Porquê?
querem saber uma coisa?
eu conhecia o rapaz x.x
pois é.. em relação à homossexualidade tenho já a dizer que duvido muito porque ele fartou-se de andar atras de mim e de uma amiga minha e era bastante "galã" até, é obvio que iso n quer dizer nada, mas já é alguma coisa x.x
sempre reparei que ele tinha um certo desejo de ser modelo sim, mas era super super simpatico, muito querido, obviamente que com algum paleio (mas q gajo n o tem?), muito acessivel, de facil conversa.
estive com ele umas quantas vezes durante os ultimos verões. nada de especial, não eramos amigos, eramos "conhecidos" que se cruzavam na praia e que trocavam conversa de chacha. uma vez até o encontrei na queima em coimbra e ele foi mesmo muito "normal".
a entrada no concurso acho que lhe subiu a cabeça, e não consigo mesmo acreditar que ele, supostamente, tenha feito o que fez em perfeito estado mental. não consigo! podia nao o conhecer bem, mas o pouco que conhecia nao me faz acreditar que ele fosse assim!
Faz-me alguma confusão, de facto, o regojizo de alguma malta com a morte do CC. Mesmo achando que o homem era asqueroso aquilo não é fim para ninguém... :S
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