No dia 24, o tio A. pôs mais um lugar na mesa, um lugar para quem este ano não se ia lá sentar. A tia L. chorou algumas vezes, baixinho. Em nome dos mais pequenos, passámos a noite a ignorar o grande elefante que habitava a sala. Comemos, conversámos, abrimos presentes, mas a alegria já não foi a mesma de outros tempos. No dia 25, almoçámos mais cedo do que é costume (às 15h é cedo, antes era por volta das 17h) e seguimos para o hospital, visitar quem nos faltava na esperança de conseguirmos aquilo que mais nos parece ter feito falta nestes dois dias: um sorriso, um sinal, uma melhoria, uma esperança. Não foi fácil. Tenho a sensação que nos reconhece, mas não se sabe expressar - o cérebro não funciona como devia, não consegue falar, mexe a perna quando quer apertar a mão - e que isso a deixa frustrada. Não sei se ela sabe que é Natal, apesar de a ter visto olhar muito atentamente para a árvore montada na sala de convívio da Neurocirurgia. A M. ajudou-a, com a mãozinha pequenina, a abrir os presentes que lhe levámos, a maioria coisas que lhe serão úteis nos seis meses que vai passar em Alcoitão a tentar recuperar as capacidades locomotoras e a fala. Fizemo-la rir, vimo-la chorar (por não querer a comida do hospital), rimos e chorámos com ela. Saí do hospital de olhos inchados, mas com o conforto de saber que tenho uma família unida, no melhor e no pior. Queremo-nos bem. E o meu maior desejo é que nada disto se perca alguma vez.
4 comentários:
E com todo este amor e esperança só te posso dizer que o meu coração ficou cheio. Acredito que essa situação vai ser surpreendente, e esta dor será apenas mais uma ferida que irá cicatrizando com o tempo.
Um beijinho grande
<3 u
<3 u too.
Eu acredito que amor assim consegue fazer milagres. E vocês tem uma familia cheia de amor entre vocês e é isso que vai alterar a situação para melhor. Parabéns por essa capacidade de amar Cate *
Bjinho e feliz natal :)
Fiquei sem palavras Cate.....
Bjinho gd
Enviar um comentário