Uma senhora velhota chorava na mesa do café porque não conseguia abrir o envelope que lhe tinham enviado de Moçambique. Era do cunhado, dizia ela. Custou-me vê-la ali sozinha, sem que ninguém a fosse ajudar. Por isso fui abrir-lhe a carta ("cuidado, que não se rasgue a morada, para eu lhes responder de volta", pediu-me.) e voltei para o meu lugar, mas já não consegui tirar os olhos daquela figurinha frágil, provavelmente com algum problema psicológico/neurológico (como a maioria das mulheres ali), mas com um ar de avózinha querida. Leu o postal e mostrou-me a capa de longe. Tinha um gato em relevo e eu disse-lhe que era muito giro. Depois calou-se durante uns minutos, a olhar para as mãos. Interrompeu o silêncio com um soluço e disse para si própria: "estou muito sozinha". Fiquei com o coração em mil bocadinhos.
6 comentários:
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Babe, onde foi isso e o que fizeste a seguir? Não podemos ir procurá-la e dar-lhe colo?
Estou a conter-me para não desatar a chorar aqui no trabalho...
(e já pensaste que provavelmente ela não "conseguia" abrir o envelope para poder interagir com alguém...?)
Cada vez que leio isto e me lembro, dá-me vontade de chorar. Não fiz nada, não podia fazer nada. Fui visitar a minha prima, que também está lá internada (temporariamente), e também tinha que lhe dar atenção (é família, afinal de contas). Mas não sabes quanto me debati interiormente para não me ir sentar ao lado daquela avózinha querida e falar um bocadinho com ela. Fiquei tão triste.
Posso imaginar meu amor... velhinhos tristes partem-me o coração também... :(
A mim também! :)
oh... bolas :( fico tão triste quando vejo velhinhos tristes e sozinhos...
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