sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

irra.

Há duas semanas atrás torci o pé durante uma aula no ginásio. Não foi uma coisa levezinha, foi daquelas dores que nos fazem deixar de ver durante uns milésimos de segundo. Doeu-me durante uns dias, depois passou. Houve uma altura que me pareceu inchado, mas nada de especial e, se houve alguma inflamação, pelo menos desapareceu rapidamente. Não me preocupei muito. A dor, menos intensa, vai e volta, mas nada de insuportável, continuo a treinar, a calçar saltos e andar normalmente. O pior é que agora passo a vida a torcer o pé! Só nos últimos três dias, consegui cair no meio da rua em cada um, com ou sem saltos, como se me faltassem as forças na perna.
O que me irrita ainda mais é que ninguém - NINGUÉM - ajuda uma pessoa que cai na rua. Nem para perguntar se está bem, quanto mais para ajudar a levantar. Hoje torci o pé, caí, sentada no chão, com o pé todo torto e vinham quatro pessoas na minha direcção. Todas fingiram que não me viram, agarraram-se aos telemóveis, olharam para o lado ou fingiram só que não se tinha passado nada. Não percebo se é porque têm vergonha por mim (a perturbadora vergonha alheia) ou se acham que eu vou ter vergonha por ter caído. Caramba, eu não tenho vergonha de cair. Prefiro que as pessoas sejam bem educadas e me venham ajudar. Hoje nem um velhinho que passou por mim deu o mínimo sinal de compaixão. Pensei logo: "hás-de cair, velho dum cabrão, e não ter nem uma mãozinha para te levantar". E cheguei ao trabalho muito zangada. E com o pé a doer outra vez.

8 comentários:

Juni disse...

Eu ajudava-te a levantar, meu amor.
Não por seres minha amiga, mas porque é assim que se faz. E porque me faz impressão ver gente a cair.
PS. Por acaso tinha a ideia de que quando alguém cai há sempre alguém que vai ajudar...

Cate disse...

Olha, a mim não. Nem quando caí no meio da estrada.

Rachelet disse...

Não sei onde caíste que ninguém te ajudou, mas não deve ter sido a norte de Aveiro. Aqui, nem que seja o arrumador a feder a tintol, ajudam sempre. (Claro que tens de levar com as palavras de sabedoria ou algum dito supostamente engraçado, mas vão sempre perguntar-se «menina, magoou-se? precisa de ajuda?»)

Analog Girl disse...

Opá, tu desculpa-me mas fartei-me de rir. Não tem piada nenhuma, mas adoro a expressão "velho dum cabrão". :)
Quanto ao resto, ninguém pára para ajudar ninguém. Eu tenho alguma dificuldade em abordar pessoas na rua porque sou muito tímida, mas se vir alguém aflito acho que iria ajudar, claro.
Quando somos jovens ninguém se preocupa tanto.
As melhoras babe*

Rabbit disse...

É verdade que se passa assim. Há uns tempos caiu uma senhora no meio da enxurrada de pessoas que vinham do barco. Eu incluida. Vi a queda e como estav longe pensei q n valia a pena voltar atrás, q havia gente mais perto para ajudar. De repente percebi q ou me mexia para a ajudar ou então além de ter caido a mulherzinha ainda era atropelada tb pelas pessoas q nem hesitavam quando chegava a altura de se desviar... Eu ajudar-te-ia...melhoras. Eu ando com um ombro lixado há 3 meses.

Ana disse...

A mim não me podias chamar nada disso que eu ajudava-te! Mas não há muita gente que ajude, não. Uma vez no autocarro caiu um velhote mesmo velhote a tremer por todos os lados e NINGUÉM se levantou. Nem o motorista. Fui lá eu e pus-me a olhar para toda a gente com a maior cara de "simmmmmmmmm??? não se vão mesmo levantar???" (não sei se esta cara existe, mas enfim! foi o que me lembrei!). É que eu sozinha não conseguia. Lá vieram depois, com o senhor no chão. Espero que esse pé esteja melhor! É como quando mordes o interior da boca. Depois mordes o mesmo sítio mil vezes...

Unknown disse...

no mundo em que me movo, ainda se pára e se ajuda.

no mundo em que me movo, ainda nos importamos com os outros.

no mundo em que me movo, as pessoas ainda são pessoas, não são coisas ambulatórias sem ninguém por dentro.

ou pelo menos, é o que vejo quando ando pela rua. ou talvez a senhora minha mãe tivesse razão, e eu devesse sair mais à rua...

Rita Maria disse...

Já torci o pé tantas vezes que a certa altura comecei a utilizar isso para um índice de entre-ajuda nas ruas das diferentes cidades e em Lisboa uma vez também me aconteceu isso - cair, ninguém me ajudar e depois sentar-me numa escada e ainda ser olhada de lado porque estava ali sentada à porta de um prédio agarrada ao tornozelo...

Achei que fosse por ser uma cidade grande (em Ponte da Barca e Coimbra a reação tinha sido muito diferente), mas entretanto também já torci em Praga e Berlim e nunca fui ignorada como em Lisboa :(

As melhoras para ti e aposta a sério na recuperação, para não ficares como eu!