sexta-feira, 19 de outubro de 2018

salvar o Mufasa. salvar os leões.

O Mufasa é um leão branco com apenas 3 anos. Os leões brancos são raros, existem 300 exemplares desta espécie no mundo, sendo que apenas 13 vivem em estado selvagem.

Em 2015, foi confiscado pela polícia a uma família de Pretoria que o mantinha como animal de estimação. Foi levado para o Centro de Reabilitação WildForLife, em Rustenburg, enquanto as autoridades instituíam uma acção legal contra a pessoa que o detinha sem as autorizações necessárias. Durante dois anos, o centro de reabilitação cuidou dele (e de uma leoa, Suraya) a seu próprio custo.



Em 2017, o processo judicial terminou e o antigo "dono" pagou uma multa de admissão de culpa. Imediatamente, o WildForLife fez uma proposta para obter as licenças necessárias para que os dois leões - agora inseparáveis - fossem acolhidos num santuário onde viveriam tranquilos o resto das suas vidas, mas as autoridades sul-africanas recusaram. Em vez disso, querem leiloá-lo a caçadores de troféus. Se isto acontecer, é provável que o leão seja morto pelos seus ossos e pele ou que passe a viver numa reserva de caça para a pura diversão de caçadores.

Sentiram a mesma reviravolta no estômago que eu?
Mais sobre o tema, aqui e aqui.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

beijinhos aos avós. aos tios. aos amigos do pai. às primas. beijinhos, no geral.

Resumindo a escandaleira do Prós e Contras de 15 de Outubro, sobre o movimento #MeToo: um professor universitário, de nome Daniel Cardoso, fez um comentário sobre como forçar crianças a dar beijos aos adultos (aos avós, disse ele, e daí a indignação toda, parece-me) é ensinar-lhes que não têm autonomia corporal se uma outra pessoa com mais poder se impuser. Aparentemente, foi só isto que ficou de um programa inteiro com muitos comentários infelizes - sendo que este nem lhes chega aos calcanhares, na minha opinião - e outros argumentos importantes sobre o abuso sexual, o feminismo e violações. Foi mesmo só isto que ficou. Um único clip de vídeo para fazer a malta espumar-se toda em ânsias de vingança.

"Como assim, não se beija os avózinhos?"
"Querem destruir os pilares da família!"
"Quem manda lá em casa ainda sou eu."
"Olhem esta fotografia privada do indivíduo a abraçar um homem. Gays! Pedófilos!"
"É o gajo do poliamor, é maluco, sabe lá ele o que são valores de família."
"A RTP, que é paga com o meu dinheiro, tem que parar de dar voz a esta gente."
"Esta coisa não merece viver."
"Era levar com um pau na cabeça para ver o que era bom."

Aquele clássico das redes sociais. Anyway... 

No meio do debate de ideias que se gerou um pouco por todo o mundo digital (era ir ao Facebook, ao Twitter, aos blogs, e só se falava disto), tropecei neste post do blog Nome do Pai

«Não obrigamos a Ana a tocar em ninguém, a abraçar ou a beijar estranhos ou conhecidos. Se ela se sentir confortável, por iniciativa própria, fá-lo-á. Se não se sentir não é obrigada a fazê-lo. Tudo bem em ambas as situações. 
Mas ter modos e ser educada pode ter outras formas de expressão: quando chega a um sítio diz "olá" e convidamo-la a acenar. Quando se despede diz "adeus" e pode, eventualmente, atirar um beijinho com a mão. Diz sempre "obrigada" e "por favor". Por iniciativa própria diz-nos "I love you" quando se despede de quem gosta mesmo e os adultos respondem-lhe de igual forma. 
O corpo da Ana é propriedade dela. E nisso ninguém manda.»

Podem já preparar os paus e as pedras, mas até acho esta posição bastante razoável. Educação é dizer "bom dia", "olá", "adeus", "por favor", "obrigado", "desculpa". Dar beijinho ou abraçar pode depender da vontade (e à vontade) de cada indivíduo, independentemente da idade, ou não?

E ninguém quer ou vai acabar com os beijinhos aos avós, pessoas, por isso acalmem-se lá um bocado. 

Em suma, a perspectiva do Daniel Cardoso pode ser exagerada ou pode ter sido abordada da forma errada dentro do contexto do debate, mas a base do argumento - não forçar os petizes a beijocar adultos conhecidos ou desconhecidos - não é nada que me pareça escandaloso e prestes a fazer ruir os pilares da sociedade. Além de que ele teve outras intervenções bastante válidas durante o programa. 

Para quem quer ver mais que um único clip de vídeo, aqui fica o link do Prós e Contras desta semana: https://www.rtp.pt/play/p4234/e369618/pros-e-contras.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

coolest monkey in the jungle.


Esta polémica é só a derradeira prova de que a maldade e o racismo está na cabeça das pessoas. Provavelmente tudo isto até poderia ter sido evitado se a H&M tivesse optado por simplesmente não usar esta foto, mas a verdade é que o facto de existir uma associação imediata entre "preto" e "macaco", mesmo que seja por indignação e com as melhores das intenções, já é um sinal de que ainda há muita coisa para mudar na nossa sociedade. 
É um assunto muito complexo, não podemos ignorar o que está por trás disto, bem sei, mas esta indignação face à imagem e à marca, a meu ver, mostra que, em vez de estarmos a normalizar as coisas, a tirar-lhes o peso e o significado que tiveram ao longo de anos e anos, estamos sim a reforçar e a validar um preconceito.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

3 anos e meio - e muita vida - depois.

Passei por aqui para procurar o meu texto sobre a viagem a Budapeste e, de repente, deu-me saudades de ter este cantinho para escrever. Talvez volte, talvez volte.