O meu mundo tem estado à tua espera; mas
 não há flores nas jarras, nem velas sobre a mesa,
 nem retratos escondidos no fundo das gavetas. Sei
 que um poema se escreveria entre nós dois; mas
 não comprei o vinho, não mudei os lençóis,
 não perfumei o decote do vestido.
 Se ouço falar de ti, comove-me o teu nome
 (mas nem pensar em suspirá-lo ao teu ouvido);
 se me dizem que vens, o corpo é uma fogueira –
 estalam-me brasas no peito, desvairadas, e respiro
 com a violência de um incêndio; mas parto
 antes de saber como seria. Não me perguntes
 porque se mata o sol na lâmina dos dias
 e o meu mundo continua à tua espera:
 houve sempre coisas de esguelha nas paisagens
 e amores imperfeitos – Deus tem as mãos grandes
 
 Maria do Rosário Pedreira 
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