quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

vou dar o grito, II.

Ainda sou demasiado nova para estagnar. Para ver a minha auto-estima a ser lapidada dia após dia. Para achar que não há saída. Tenho a certeza que sou uma pessoa competente, que sou inteligente, sei que gosto de trabalhar e que não conseguiria estar bem comigo sem me sentir útil. Mas também sei que não gosto de trabalhar aqui, como já estou farta de escrever nos últimos meses. Por um lado, as oportunidades falharam-me; por outro, faltou-me uma coragem firme. Mas sei que já não acredito em nada do que estou aqui a fazer, sobretudo por ainda lidar com uma chefia mal-educada e com pouca visão. Sei que já não tiro prazer nenhum de nada disto. Nem conhecimento, nem experiência, nem valor. Isto é um vão de escada e o que eu quero é continuar a subir. Preciso de gostar daquilo que faço, o meu trabalho tem que ser parte da minha vida. Há quem consiga desligar, blindar-se dos pés à cabeça, separar as coisinhas todas, mas (e isto será uma grande incongruência com o título do meu blog) eu não consigo pôr isto por partes. A minha vida pessoal está a ser afectada, bem como o meu mestrado que custa os olhos da cara e merecia mais concentração e dedicação. Tive que pesar tudo na balança. E já aguentei muito tempo. 

Para mim chega de adormecer todas as noites com um nó no estômago, de acordar todos os dias (depois de meia hora a pensar simular uma doença qualquer) e pensar "foda-se, lá vou eu". Tenho que me resgatar, é uma questão de sobrevivência. O meu mísero ordenado pode pagar roupas, jantares, copos e viagens (que é tudo o que uma miúda da minha idade pode querer), mas não me chega. Preciso daquela motivação, da alegria de trabalhar. E sem dúvida que o mísero ordenado também não paga a minha saúde mental. Por isso, tomei a decisão que mais me te assustado. Vou enfrentar o medo do desconhecido, do desemprego (sem subsídio, convém frisar antes que alguém se lembre de dizer que vou ser mais uma daquelas encostadas à boa sombra da bananeira), da concorrência. Sei que saio daqui com experiência que antes não tinha, até porque isto teve os seus bons momentos. Mas há mais vida além disto. Tem de haver. E eu tenho que ir procurá-la e agarrá-la.

15 comentários:

rosemary disse...

Bem, tu conseguiste descrever na perfeição toda esta complexidade do nosso trabalho/nosso bem-estar!

Às vezes é preciso bater o pé e tomar as rédeas da nossa vida e espero sinceramente que tudo te corra pelo melhor :) Boa sorte!

Bjs*

Turista disse...

Força Cate.
Um abraço.

Analog Girl disse...

É bem verdade o que dizes. Eu já perdi a esperança de me identificar plenamente com o meu trabalho, mas estar completamente contrariada não dá mesmo.
Eu acho que estavas a precisar de agitar um pouco o teu mundo, mudar algo. A mudança é uma coisa boa. Agitam-se as energias e coisas novas hão-de surgir.
Podes estar a abrir portas que não imaginas.
Vai correr tudo bem, luta por ti com essa garra que eu conheço.
O que precisares, sabes que eu estou aqui...
;)

Anónimo disse...

Força!!!!

Lazy Cat disse...

Boa Cate! Go girl! Vais ver que pior não ficas. Vais sentir um alívio e uma leveza imensas, que bem tens estado a precisar.

Vai em frente. Desejo-te tudo de bom =)

Mary disse...

Força!:)

Merenwen disse...

Percebo bem o que dizes! Também eu espero encontrar algo que me realize!Força!

Mafalda Ruas disse...

Vai, qui :)

Qualquer coisa, diz! *

p.s.: cheguei sã, salva e cansada! isto é longe como tudo!

Pecansis disse...

Cate,

Been there done that. Desejo-te toda a sorte do mundo. És uma miúda inteligente, profissional, escreves muto bem e mereces mais do que este trabalho/condições.

Cá estaremos para ti. Bjs

Pecansis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Miguel disse...

Anda dar o grito para Barcelona!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Cat disse...

Há-de correr tudo bem, Cate
beijinhos ;)

nat. disse...

Boa sorte!

Rita disse...

Força querida!

Anónimo disse...

Não conhecia o teu blogue. E mal entrei aqui dou de caras com este texto que resume exactamente o que estava a sentir há 6 meses atrás. Acho que não te deves mesmo resignar. É absolutamente horrível quando odiamos aquilo que fazemos e quando sentimos que estamos a deixar a vida fugir e de certo modo a despediçar momentos valiosos. Acho que é enquanto somos novas e não temos demasiadas responsabilidades a nosso cargo que devemos procurar aquilo que gostamos, aquilo que nos faz bem e não ter medo de arriscar. Força para seguires em frente com a tua decisão. Vais ver que vais encontrar algo bem melhor.

*