terça-feira, 11 de maio de 2010

Eu? Eu também acredito.

"Um dia na redacção da rádio tive uma quente discussão sobre a ideia de uma pessoa ser Católica não-praticante. Não compreendo o conceito, confesso. Ou se é ou não se é Católico. Para sê-lo, acho que é fundamental seguir todos os sacramentos e rituais, bem como a prática do Bem no dia a dia. Não? Se calhar não, mas eu penso assim." (Pedro Ribeiro, no seu Dias Úteis).

Concordo plenamente com as palavras do Pedro Ribeiro. Acho que o conceito de Católico Não Praticante é um mero comodismo moderno de quem não se quer dar ao trabalho de fazer algo mais que dizer "eu acredito". Mais do que palavras e rezinhas, eu acho que a Fé deve ser demonstrada em acções. Não só (mas também) nos rituais habituais da respectiva religião (se acreditamos, vamos lá de coração!) e sobretudo em acções quotidianas de amor pelo próximo. De respeito. E de tolerância. E assim deveria ser em todo o mundo, em todas as línguas, em todas as religiões, para todos os deuses (cujos moldes e conceitos se assemelham bastante).
Não sou Católica, nem pretendo ser, não me identifico com muitas interpretações, encontro muitas contradições e creio que ainda estou à procura do meu rumo numa malha complexa de ideologias. Admiro muito quem já tenha encontrado a sua Fé (seja ela qual for) e se sente confortável a vivê-la  plenamente, que vai onde tem que ir, que se emociona, que sente alegria, que sente esperança.  Gostei, por exemplo, de ver os miúdos correrem até à Nunciatura para cantarem uma serenata a Ratzinger. Pessoalmente não vejo a figura do Papa  (ou qualquer outro membro da Igreja) como uma criatura pura, nem como um intermediário entre nós, comuns mortais, e o divino. Mas, no fundo, gostei de ver a alegria daqueles jovens em fazer aquilo, simplesmente porque acreditam que aquele homem de branco é especial. Preferiram estar ali do que estar em casa a fazer outras coisas. Porque acreditam.
Quanto a mim, sei, tal como o Pedro, que acredito que Jesus existiu e que os seus ensinamentos foram de uma sabedoria tão grande que se tornaram úteis até aos nossos dias, mesmo que já se tenham passado 2 mil anos.  Por isso,  mesmo sem religião oficial, considero-me cristã, sublinhando ainda que acredito em Deus,  num Deus bom, porque há coisas que simplesmente não consigo conceber sem Ele. E isso deve ser o começo da minha Fé.

8 comentários:

Mário Ventura disse...

Adoro ler-te quando estás inspirada... nem que seja sobre religião, sabe bem...

Sobre o assunto em questão, descobri lá para os meus 18 anos - depois de catequese, primeira comunhão e escuteiros - que sou agnóstico. E sinto-me bem assim...

siceramente disse...

O padre estava sempre a repreender todos por tudo e por nada.
A minha catequista mandava-me falar com Deus, em qualquer sítio, em qualquer altura.
Acho que não temos de seguir todos os rituais, talvez a palavra católico leve a pensar isso. Mas acho que podemos ser católicos apenas por falar com Deus.

Cate disse...

siceramente: Católico, penso eu, remete para uma identificação com uma Igreja (cristã), com uma doutrina específica, uma interpretação específica da Bíblia e rituais específicos. Logo, quem se diz Católico, tem que acreditar nos dogmas da Igreja Católica, deve praticar e agir de acordo com isso. Senão não é Católico. A meu ver. O mesmo acontece com os Protestantes, os Evangelistas, as Testemunhas de Jeová, os Anglicanos, etc e tal.

Claro que podemos acreditar em Deus, podemos acreditar em algo que é o Bem, em algo que criou a Terra, em tudo o que quisermos. Mas isso já é diferente de ser Católico. É só essa a distinção que faço.

Cate disse...

MRV: Se te sentes bem com isso, porque não?

Cate disse...

siceramente: Mas, cima de tudo, amor, respeito e tolerância. Seja lá onde for e por quem for.

Alexandra Neto disse...

Eu também não entendo como se pode ser católico não praticante! Não entendo mesmo... Não é preciso ir à Missa todos os fins de semana (apesar de achar que se deve), mas quando se precisa de uma "luz" porque não ir à igreja, visto que ser católico é acreditar em Deus, um ser "superior" (não é bem este o termo!), porque não rezar a Deus para que este nos ajude?

E atenção que eu digo isto, sem ser católica. Pensava que era agnóstica, mas sinceramente, depois de 22 anos sem que os meus pais me pressionassem a seguir a religião católica, sinto vontade de seguir a religião católica. Fui a missa este fds por "outro" motivo (ver uma comemoração dos escuteiros) e adorei! Gostei da ver os jovens tão atentos às palavras do padre.. É uma coisa tão rara hoje em dia, nesta sociedade sem princípios!



Que testamento!!! Desculpa.... ahahah



beijo

Analog Girl disse...

Acho que o termo católico não-praticante nem deve ter sido inventado pelos não-praticantes. Para mim cheira-me a esquema da Igreja em tempos de crise para albergar os "simpatizantes" com a religião cristã.
Ou melhor, com a corrente mais "usada" da religião Cristã. Não nos esqueceremos dos Ortodoxos e anglicanos e protestantes e essas sub-divisões todas.
Se digo que não sou Cristã ortodoxa, também não sou cristã católica.
Tudo isto é muito confuso.

Considero-me Cristã, antes de mais porque fui baptizada, depois porque acho que Jesus Cristo tinha mesmo algo a dizer sobre Deus e a Sua lei.
mas não sou católica. Sou cristã porque acredito em Cristo, porque gosto da sua figura, das suas palavras, do seu exemplo de vida. Faço o sinal da cruz por hábito, não por crença absoluta.
Mas deveria poder intitular-me budista porque também acredito no modo de vida budista? Afinal, dentro do budismo não existe coisa como praticante e não praticante.
Não sei...talvez crente seja o termo mais correcto, pelo menos em relação a mim. Creio em tudo? Não, porque há muitas palavras de muitos homens pelo meio. Sigo aquilo que sinto ser certo nas palavras de Cristo. E nas de Buda. E nas de quem quer que me faça pensar duas vezes em deus.

Dina disse...

Fui educada tendo em conta os preceitos cristãos. Tenho Fé em Deus e acredito no que Jesus nos deixou, porque afinal ser um bom cristão, não é mais do que ser um bom cidadão. Mas tenho sentido um descrédito cada vez maior para com o sistema que sustém a minha fé: os homens que a representam. Num livro que li dizia «a fé é a crença espiritual do povo, a religião um sistema que visa a continuação de uma das mais antigas burocracias.»...